A mudança

Como era verão não havia escola, aproveitei para ir fazer uns trabalhos para casa, na aldeia não havia praia, havia a cascata que era para lá que ia quando os dias de calor eram enormes.
Chegou a hora de almoço e a minha mãe ainda não tinha chegado. O meu pai abandonou-nos quando eu nasci, sempre tive um grande desejo de saber quem era mas no entanto sinto-me revoltada por ele nunca se interessar por mim. Afinal tenho o sangue dele !
Bem fui a vizinha ver se ela tinha deixado um recado pra mim mas não! Fui até à padaria também não estava, comecei a ficar preeocupada. Não estava a ver onde ela estava!
E foi ai que me deu um aperto enorme no coração, não liguei porque eu queria era a minha mãe, fui a casa de toda a gente ninguém a tinha visto ...
Passaram-se dias e dias e a minha mãe nunca deu sinal de vida, senti imensa falta dos beijinhos dela, e dos abraços, das histórias que contava com aquele brilho nos olhos, como se estivesse a sentir, o que estava a dizer. Fez-me bastante confusão a ausência dela. A minha mãe desapareceu e eu não tive oportunidade de me despedir dela ... passei noites a chorar perto da cascata. Porque no fim a minha mãe fez o mesmo que o meu pai. Nos dias que se seguiram, vestia sempre cores neutras para demonstrar a minha tristeza e solidão. Neste periodo eu tinha 10 anos.
Entretanto como não tinha familia na aldeia, tive de ir para a minha tia, só me lembro vagamente dela de um jantar quando tinha 5 anos, lembro-me que era bastante orgulhosa, e bastante sociavel ,até joguei a macaca com ela, chamava-se Joana, foi a primeira pessoa que me chamou "Tita". O que gostei bastante, ela vivia na cidade, portanto tive de me mudar para lá, pensava várias vezes como seria, mas nunca tive coragem de conseguir mesmo imaginar ... 

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